PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA ESCREVER BEM

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Estude o Direito como um sistema harmónico e integrado.

Ao estudar uma disciplina, procure relações entre ela e os demais campos do Direito.

Ao estudar Direito, procure relações com os outros campos do conhecimento humano.

Se vis pacem, para betium(Se queres a paz. prepara-te para a guerra.)

               Aparentemente sem qualquer relação com a arte/técnica de redigir, consideramos interessante mencionar os princípios básicos da guerra, que são facilmente decorados com o processo mnemónico SOMEU:

1. SIMPLICIDADE

               Não fique inventando muito, nem se preocupe em criar sua própria e inovadora tese.

               Posicione-se ao lado de uma das teses já existentes.

               O “feijão com arroz” é melhor do que “caviar com champanha”[1].

               Evite complicar as coisas, pois você estará complicando a si próprio.

               Muitos acham que os outros irão gostar mais de, como dissemos, “caviar com champanha” do que de “feijão com arroz”. Por isso, tentam parecer gênios em suas falas, escritos ou respostas. Quanto mais extenso ou complexo for um assunto, quanto mais nuances ele tiver, mais importante será manter a simplicidade ao expô-lo.

               Procure redigir textos que seriam compreendidos por qualquer pessoa. Ainda que você utilize linguagem técnica, prime por uma resposta que uma pessoa leiga possa entender, mesmo que não seja da sua área de conhecimento.

               Não tente burilar demais o texto. Textos simples são fantásticos para a compreenção do leitor, para todos e para a vida. Uma coisa é trabalhar o texto para fazê-lo chegar a um grau de excelência: isso é bom. Outra coisa é ficar floreando, inventando, querendo mostrar erudição: isso é ruim.

2. SURPRESA

               Surpreenda o seu leitor com comentários interessantes, inteligentes, com novos paradigmas, com uma letra e com um raciocínio agradáveis etc.

               Quebre a mesmice, apenas com o cuidado de não exagerar.

               No caso de concursos, a simplicidade ainda é mais importante do que a criatividade: nessas horas, não invente muito[2].

               No caso do cotidiano forense, é preciso avaliar quando é a hora de inventar e ser criativo e quando basta seguir a tradição. Se a tradição já for capaz de resolver o problema do seu cliente, siga-a.

3. SUPERIORIDADE DE FORÇAS

               Como é possível ser mais forte que o examinador ou adversário?

               Resposta: Usando argumentos que ele não poderá ou quererá rebater.

               Que argumentos são esses?

               Resposta: Não os seus, mas os das fontes de autoridade que todo mundo considera e respeita.

DICA:

Mantenha sempre a atitude humilde e gentil. “Ser mais forte” é uma arte, pois o ideal é jamais fazermos com que a pessoa se sinta agredida ou incomodada com nossa capacidade.

Sun Tzu, em A arte da guerra[3], comenta que o melhor general é aquele que conquista a vitória causando o menor grau de destruição possível.

4. OBJETIVO

               Ninguém ganha uma guerra se não mantiver os olhos fixos nos seus objetivos[4]. Mantenha sempre o foco no resultado que você quer alcançar e na melhor maneira para consegui-lo. Nunca atenda aos seus próprios interesses, mas aos do leitor ou cliente. Sempre que quiser convencer alguém de alguma coisa, aprenda a fazê-lo de um modo sutil e agradável, em que a pessoa faça o que você quer por vontade dela, e não forçadamente ou a contragosto.

5. ORGANIZAÇÃO

               Sem organização sempre existirá desperdício.

               Além de o desperdício ser sempre algo negativo, em provas e concursos ele pode ser a diferença entre passar ou não passar. Logo, organize-se.

               O uso de MEMENTOS[5], por exemplo, nada mais é do que uma forma para organizarmos nossa exposição.

6. MEIOS

               Meios são os instrumentos e materiais necessários para trabalhar.

               Nas guerras, são os canhões, os carros de combate, os fuzis.

               Na redação, temos dois tipos de material: externo e interno. Ambos são preciosos.

Os meios externos são: papel, caneta, borracha, liquid paper, roupas adequadas, letra bonita e legível, óculos com o grau correto, alimentação adequada etc. A impressora, a tinta, o computador, o acesso à internet, dispor de bancos de dados confiáveis e de consulta rápida e eficiente de uma boa biblioteca também são meios externos aos quais podemos recorrer.

Os meios internos para se ganhar a guerra da redação são o raciocínio, a criatividade, a capacidade de comunicação escrita e oral e o estudo, que nos fornece o material para escrever, expor, convencer, raciocinar etc.

7. MANOBRA

               Quando se fala em “massa de manobra”, nada me vem mais forte à mente do que o conhecimento que apenas o estudo metódico e dedicado fornece. Se as técnicas são o forno, o estudo é a farinha de trigo do pão da sabedoria.

               Ainda podemos falar mais sobre manobra, que, em termos bélicos, é a capacidade de movimentação das tropas no terreno, deslocando-se, avançando, recuando etc. Um bom estrategista sabe levar suas tropas pelos caminhos mais seguros, sabe desviar-se dos locais perigosos, sabe a hora de emboscar o inimigo e a de evitar ser emboscado, sabe sair de um cerco e sabe cercar o inimigo.

               Imagine-se, portanto, como um grande general, tendo que levar suas tropas (sua vida, seus conhecimentos etc.) para um lugar seguro.

               O treino também é importante, seja para as tropas de um exército, seja para aquele que pretende ser um bom escritor. Deslocar-se no terreno é deslocar ideias. Montar um cenário de combate ou um texto exige dedicação, experiência e exercício. Exige manobra, ação.

               Quando começamos a escrever ou a falar, estamos, na verdade conduzindo a nós mesmos, a matéria, o leitor, o ouvinte, o examinador, a tudo e a todos, pelos caminhos que queremos.

8. EXECUÇÃO

               NÃO EXISTE VITÓRIA SEM ESFORÇO, SEM AÇÃO.

               Todos os grandes planos de batalha, todas as estratégias, as táticas mais brilhantes, absolutamente tudo que aconteceu na História só entrou para ela porque houve guerreiros com coragem para pôr os planos em execução.

 9. UNIDADE

               A unidade é a qualidade de manutenção de um conjunto em funcionamento, de manter-se a uniformidade, coordenação e harmonia. Toda ação de sucesso deve manter um grau de homogeneidade e coesão. Os esforços e o uso dos meios disponíveis devem ter a qualidade da união.

               Em uma redação ou palestra, a sua exposição de ideias mantém a unidade? Tudo se dirige a um objetivo previamente definido?

               O tamanho da sua letra é o mesmo em todas as questões?

               O seu modo de julgar e raciocinar é coerente?

               Em sua casa, existe união entre a família em torno de objetivos comuns ou, ao menos, para que haja colaboração mútua para que os objetivos individuais sejam alcançados?

               O seu quadro de horário mantém uma razoável harmonia?

               Todo o seu ser está envolvido, uno e direcionado aos objetivos e planos?

               Viu? A unidade é um precioso elemento para a guerra… e para a paz.[6]

Assim como precisamos conhecer, discutir e duvidar dos fatos,

precisamos conhecer, discutir e até duvidar das normas.

Podemos e devemos discutir se estão em vigor,

se são válidas, legítimas, constitucionais, justas, humanas etc.

Fonte:

AQUINO, Renato, DOUGLAS Willian. Manual de Protuguês e Redação Jurídica. 5ª edição – Niteroi: Impetrus, 2014.


[1] Privativa da região francesa do mesmo nome, situada ao norte da França, a denominação Champanhe dá origem ao produto e corresponde ao nome de tal região. De acordo com o Aurélio, a palavra “champanhe” provém do francês “champagne” e é um substantivo masculino, como defende a maioria dos gramáticos. Curioso é também notar a existência de um aportuguesamento perfeito de tal palavra: o termo “champanha”. De acordo com o professor Cláudio Moreno, em O Prazer das Palavras, o termo fixa-se naturalmente ao feminino: a champanha (em analogia aos termos “aranha”, “façanha”, “montanha”, “picanha”)

[2] Como passar em provas e concursos | Esquemas Materiais – Docsity, https://www.docsity.com/pt/como-passar-em-provas-e-concursos/5720384/.

[3] Disponível em:

http://unes.br/biblioteca/arquivos/A_Arte_da_Guerra_L&PM.pdf

[4] Moreiraxj6 – Ninguém ganha uma guerra se não mantiver os … – Facebook, https://www.facebook.com/moreiraxj6/posts/ningu%C3%A9m-ganha-uma-guerra-se-n%C3%A3o-mantiver-os-olhos-fixos-nos-seus-objetivos/135086392422546/.

[5] Mementos – apontamentos para recordar e organizar o que se pretende dizer

[6]   Para quem gosta de estratégia militar, ver o livro A arte da guerra para provas e concursos, de Willian Douglas (Eeditora Campus/Elsevier)

Professor Artur Arantes

Com mais de 20 anos de dedicação ao ensino, Prof. Artur Cristiano Arantes é referência para alunos que desejam aprofundar seus conhecimentos em áreas fundamentais do Direito.

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