IDADE MÉDIA e FEUDALISMO
IDADE MÉDIA
O Período Medieval, também chamado de Idade Média foi um longo período de aproximadamente 1.000 anos e por isso os historiadores resolveram cronologicamente (didaticamente) subdividi-la em alguns períodos:
A chamada Alta Idade Média refere-se a elementos e acontecimentos que vão contribuir para a formação do Sistema Feudal, que vai levar a Cristalização, ao Apogeu desse sistema, ou seja, a sua consolidação. E a Baixa Idade Média representa a crise deste sistema que tem sua derrocada final no século XV.
1 – ALTA IDADE MÉDIA
A ALTA IDADE MÉDIA inicia-se, como vimos, com a desintegração do Império Romano Ocidental (O Império Romano Oriental persiste paralelamente com a Idade Média na Europa)e essa desintegração será facilitada pela invasão dos bárbaros germânicos. Assim, onde se constituía o Império Romano Ocidental, principalmente os povos germânicos vão ali constituir e instalar várias nações:
Anglo-Saxões (Inglaterra)
Saxões (Dinamarca)
Reino Franco (França)
Visigodos (Espanha)
Suevos (Portugal)
Vândalos (Norte da África)
Ostrogodos (Itália)
Busgúndios e Alamanos (Alemanha)
Destacamos destas nações o Reino Franco que vai constituir a atual França e o Reino Anglo-Saxão que vai dar origem a Inglaterra.
Na fase final do Império Romano, tribos germânicas se instalaram no norte da Itália e no centro da atual França, originando o REINO DOS FRANCOS, que se tornou o reino mais importante da Alta Idade Média, transformando-se num império semelhante ao dos romanos, embora com características bem diversas e comprometido com a formação do feudalismo.
No Reino Franco destacamos duas dinastias: (1) A Dinastia Merovíngia (Rei Mironval) e (2) A Dinastia Carolíngia (homenagem a Carlos Magno)
Na DINASTIA MEROVINGIA o principal nome é o de CLOVES, importante por ser o unificador das tribos francas e por ser o primeiro bárbaro a se converter ao Cristianismo. Com sua conversão e de outros bárbaros, inicia-se uma tradição que será muito comum na Idade Média, ou seja, a aliança entre o Estado e a Igreja e esta vai conseguir um enorme prestígio político durante toda a Idade Média.
Com a morte de CLOVES, o REINO FRANCO precipita-se em um período bastante conturbado, chamado de PERÍODO DOS REIS INDOLENTES, reis estes preocupados muito mais com as diversões (Caça à raposa e Jogos de xadrez, damas etc.), do que com a governança em si. Neste contesto histórico quem vai assumir as principais funções administrativas do reino, inclusive o comando os exércitos serão os “MORDOMOS DO PACIO”, uma espécie de prefeitos do palácio ou ainda PRIMEIROS-MINISTROS. E essa instituição terá como principal nome CARLOS MARTEL, que detém o avanço árabe sobre a Europa na famosa Batalha de Poitiers[1] no ano de 732 d.C. Á partir daí, talvez com certo exagero, CARLOS MARTEL será considerado o salvador da cristandade.
Após esse período surge CARLOS MAGNO, que se torna o principal personagem da Alta Idade Média. Durante seu governo cria-se condições para a cristalização, a consolidação do Sistema Feudal.
Durante seu governo ouve uma enorme expansão territorial do reino e em função disso, a partir do ano 800 d.C. ele será coroado pelo Papa Leão XIII como REI DO IMPÉRIO DO OCIDENTE.
Essa enorme expansão vai se dar com a ajuda de soldados e vai centralizar as condições de governo, criando condições institucionais para a chamada cristalização do sistema Feudal. Isto porque para conseguir manter tal império CARLOS MAGNO arrebanhou imenso exército e para manter a fidelidade a ele concedeu vários benefícios a estes, e o principal deles foi a concessão de terras. Assim, entregando grandes espaços territoriais aos seus leais soldados CARLOS MAGNO vai acabar contribuindo também, a longo prazo, para a FRAGMENTAÇÃO DO PODER POLÍTICO.
Então, além do processo de ruralização e com a expansão árabe que havia sido detida por CARLOS MARTEL a Europa dedica-se à agricultura como meio de autossuficiência econômica, isso também em virtude do bloqueio do Mar Mediterrâneo sob domínio dos árabes.
Com a morte de Carlos Magno, o trono foi ocupado por seu filho, LUIZ, O PIEDOSO, que se casou duas vezes e teve três herdeiros.[2] Houve, então, conflito para saber quem o substituiria, e, pelo Tratado de Verdun (843) o império foi partilhado em três;
1 – Germânia para Luiz,
2 – Itália para Lotário e
3 – França para Carlos.
Desta forma, finalmente, no século IX encerra-se para a história o período de grandes impérios.
2 – IMPÉRIO BIZANTINO
TEODÓSIO numa tentativa de contornar a crise por que passava Roma no ano de 395 d.C. promove uma reforma administrativa, dividindo o Império em duas partes:
1 – Império Romano Oriental com Capital em Constantinopla
2 – Império Romano Ocidental com Capital em Roma
Como dissemos anteriormente, é esta parte ocidental que será invadida e ocupada pelos povos bárbaros germanos a partir do ano 476 d.C. que é a data histórica oficial da queda do Império Romano, do seu esfacelamento no ocidente. A partir daí se dá início a uma nova fase da história, a chamada IDADE MÉDIA.
Quanto ao IMPÉRIO ORIENTAL TAMBÉM CHAMADO DE BIZANTINO (por causa de Bizâncio, seu Imperador mais famoso) é o que nos interessa agora.
Quando o Império Romano foi dividido em Oriental e Ocidental, o lado leste (Oriental) teve como capital Constantinopla, em homenagem a Constantino. Porém esta parte do Império Romano era helenizada, ou seja, tinha grande influência da cultura grega e o nome original de Constantinopla era Bizâncio, daí o termo Império Bizantino.
Neste império o principal nome é o de JUSTINIANO que entre outras coisas vai cria o CESAROPAPISMO, ou seja, passa a ter o Imperador (César) autoridade sobre a Igreja (Papa). Diferente do que ocorreu na parte ocidental do Império Romano, que acabou, como vimos, se desintegrando e dominado por nações bárbaras e isso levou a não interferência do Estado nos assuntos da Igreja.
JUSTINIANO também vai instituir O PRIMEIRO CÓDIGO CIVIL, e aqui há uma importante distinção porque o Império Romano do Ocidente não vai prevalecer esse Direito, mas sim o DIREITO CONSUENTUDINÁRIO, ou seja, o direito dos costumes, PRINCIPALMENTE NA INGLATERRA.
Mas, o Direito Romano vai ser preservado e ampliado por JUSTINIANO, que vai inclusive acrescentar novas leis e acaba, o Direito Romano por ser um grande legado até os dias atuais.
3 – APOGEU DO FEUDALISMO
Diversas são as definições do feudalismo: algumas tomam como base as relações sociais de produção, outras o aspecto jurídico-social ou, ainda, o aspecto político. Na realidade, a complexidade do sistema exige a aceitação de que os três aspectos se complementem.
De economia autárquica (autossuficiente), com uma Sociedade de Ordens ou Estamental, e uma descentralização política, o sistema feudal é a resultante de diversos elementos originários da derrocada do Império Romano do Ocidente e das invasões bárbaras.
Analisando do ponto de vista estrutural (que envolve eventos de longa duração) ou, ainda, do enfoque da conjuntura (fatores que agem sobre determinados momentos), as invasões de árabes, normandos, húngaros e eslavos criaram um clima de tensão, insegurança, medo e isolamento socioeconômico e político, que viabilizou a composição do sistema.
O Feudalismo era uma sociedade que tinha como atividade principal a agricultura autossuficiente, ou seja, voltada para o consumo interno e com trocas naturais.
Entendamos que não estamos eliminando as trocas monetárias, pois a moeda já existia em tal época, porém era de pouca circulação, era utilizada apenas para o comércio a longa distância. Por exemplo: para se conseguir o sal, a pimenta, o cravo etc. Localmente, internamente as trocas no sistema feudal era o que prevalecia, e eram naturais, ou seja, produto por produto.
O PODER POLÍTICO, havia se transformado em um poder descentralizado, fragmentado, isto porque a posse da terra é que dava o poder político a seu proprietário.
SOCIEDADE ESTAMENTAL: Sociedade dividida em grupos, em camadas, em estados, estamentos. E cada grupo, cada estamento possuía seus próprios privilégios ou não.
Dentro desta sociedade estamental vão se desenvolver inter-relações:
- Relações entre os Senhores Feudais (Comerciais)
- Relações entre a Nobreza (Feudo-Vassalica)
- Relações entre a Nobreza e o 3º Estado (Trabalho Servil)
RELAÇÕES FEUDO-VASSALICA
Lembremo-nos que a posse da terra dava o Poder Político. Então, em tese, o SUSERANO ao conceder uma terra que antes lhe pertencia a outro Senhor ele está perdendo Poder Político. Mas, em troca, o VASSALO, que é o recebedor da terra (benefício), passa a dever a prestação de serviço militar ao SUSERANO (Relação Feudo-Vassalo).
3.1 – SERVIDÃO
Outra inter-relação está relacionada a SERVIDÃO, onde o Servo é um trabalhador em meio caminho entre a escravidão e o trabalho assalariado. Ele não é assalariado pois não recebe nada, mas, também não é escravo, pois juridicamente é livre, ele é dono de suas ferramentas, ele não pode ser vendido nem maltratado. No entanto, o Servo está preso a terra, e é da exploração do Servo, da exploração do que este tira da terra que o Senhor Feudal, que a Nobreza Feudal, tirava seus rendimentos.
3.2 – OBRIGAÇÕES FEUDAIS
As obrigações feudais principais eram três: (1) Corveia, (2) Talha e (3) Banalidades
CORVEIA: consistia no trabalho que o servo deveria realizar nas terras do senhor feudal, alguns dias da semana, normalmente cinco dias, e todo o trabalho, toda a produção realizada pelo servo, nas terras do senhor, eram de exclusividade do Senhor Feudal.
TALHA: o servo estava preso a terra cedida pelo Senhor, e a talha era uma obrigação feudal que o servo devia ao senhor dessa terra, ou seja, 50% do que ele produzisse nessa terra deveria ser repassado ao Senhor Feudal.
BANALIDADE: eram pagamentos pelo uso que o servo eventualmente fazia de, por exemplo: fornos, moinhos e estradas, o famoso pedágio.
4 – A IGREJA CRISTÃ
Além dessas relações entre Senhores Feudais e Servos e entre Senhores e Senhores Feudais nós vamos ter um componente no Sistema Feudal muito importante que é a Igreja Cristã, com enorme poder Econômico e Político, haja visto que ela será a maior proprietária de terras da Europa Medieval.
Esta Igreja vai se fazer presente em todos os momentos do homem da Idade Media, desde o Batismo até a Extrema-unção.
5 – BURGOS
Eram as cidades medievais que passaram a ter enorme importância a partir dos séculos XI e XII, que foi o século importante no desenvolvimento da Idade Média (a Cristalização do Feudalismo) e AO FINAL DESTES marca também o início da chamada CRISE FEUDAL.
Num primeiro momento é o século do crescimento populacional, por vários motivos: primeiro porque o homem passa a tratar a terra com um sistema novo de tração animal e isso provoca um enorme aumento na produtividade, contribuindo para o aumento populacional.
Também as invasões de povos alienígenas (de fora da Europa) já não mais existem, também contribuindo para o aumento populacional pela não perda de vidas em guerras.
E tudo isso vai resultar na CRISE DO FEUDALISMO, nos séculos seguintes.
Ocorre, no entanto, que na verdade a Igreja, como grupo dominante, não via com bons olhos esse elevado crescimento populacional, que por melhor que tenham sido as inovações técnicas da agricultura, acabaram por gerar um desequilíbrio entre produção de alimentos e consumo, trazendo com isso a FOME.
Deste quadro, a Igreja Católica vai exportar a fome, a miséria criando a idéia das CRUZADAS, daí a primeira delas ser chamada de “CRUZADA DOS MENDIGOS”.
As CRUZADAS vão contribuir também para a reabertura do Mar Mediterrâneo, incentivando, desta forma, as trocas comerciais entre o Oriente e a Europa, caracterizando o que se chamou de RENASCIMENTO COMERCIAL.
Esse desenvolvimento comercial acaba por incentivar o desenvolvimento urbano, surgindo a figura do ARTESÃO (tintureiros, padeiros, oleiros etc.). Estes Artesãos se organizam em instituições, as chamadas CORPORAÇÕES DE OFÍCIO, que eram sociedades que regulamentavam a produção urbana, dinamizando, assim, o intercâmbio comercial. O que era produzido nos BURGOS (Cidades) pelos Artesãos era utilizado como intercâmbio comercial, aparecendo assim as feiras. Desenvolve-se a partir de então uma classe de mercadores muito importante que será a BURGUESIA (quem vive nos Burgos é Burguês – daí a denominação). É essa classe que a partir do século XIII com a dinamização das trocas mercantis vai adquirir um grande prestígio econômico.[3]
6 – CRISE DO FEUDALISMO:
Século XIII ao Século XV è Baixa Idade Média
A partir do século XIII inicia-se a chamada Baixa Idade Média que vem a se caracterizar exatamente pela crise do sistema feudal que irá se desfacelar por completo no século XV
6.1 – TRILOGIA DA CRISE DO SÉCULO XIV
A GUERRA DOS CEM ANOS[4], que na verdade durou 113 anos envolvendo a França e a Inglaterra, contribuiu enormemente para a Crise do Sistema Feudal por desorganizar a produção agrícola, trazendo como consequência a FOME.
A PESTE NEGRA[5] que foi uma epidemia trazida a Europa pelos Cruzados contaminados nos porões dos navios por uma pulga que transmitia a doença que gerava no corpo do infectado, bulbos negros que ao estourarem proliferava por todo o corpo, com morte horrível e rápida. A Peste Negra vai dizimar 1/3 da população europeia.
Essa Trilogia contribui firmemente para a crise final da Idade Média e sua recuperação vai se dar somente com a expansão comercial marítima europeia que veremos adiante.
Fonte – TV Cultura Aulas de História Mundial e outros (veja notas de rodapé)
Pesquisa, Compilação e Adaptação – Prof. Artur Cristiano Arantes
Homepage – https://professorarturarantes.com/
[1] A Batalha de Poitiers ou Batalha de Tours, ocorrida em 732, foi considerada um dos mais importantes conflitos travados entre a Cristandade e o Islão, ou seja, entre os Francos liderados por Carlos Martel, e os Muçulmanos, liderados por Abderramão, o qual pôs fim à invasão islâmica na Europa Ocidental
[2] História Idade Média (Francos) | PPT – SlideShare, https://pt.slideshare.net/slideshow/histria-idade-mdia-francos/8153298.
[3] História Geral – Filosofia democracia teatro fazem parte de … – Studocu, https://www.studocu.com/pt-br/document/ensino-medio-brasil/historia/historia-geral/9164092.
[4] A GUERRA DOS CEM ANOS foi uma longa e descontinuada guerra entre Inglaterra e França. Motivada por razões políticas e econômicas, ocorreu entre 1337 e 1453 (116 anos).
Este conflito teve raízes profundas em questões dinásticas e territoriais, e suas repercussões moldaram o curso da história europeia.
Na primeira parte da guerra, a Inglaterra saiu vitoriosa e conquistou importantes territórios na França. Contudo, na fase final, os franceses obtiveram uma série de vitórias militares e recuperaram boa parte de seus territórios, saindo vitoriosos do conflito.
Principais causas da Guerra dos Cem Anos
Disputa pelo trono francês: a morte em 1328, de Carlos IV da França, sem herdeiros diretos, desencadeou uma disputa pelo trono francês. O rei Eduardo III da Inglaterra, neto de Filipe IV da França, reivindicou o trono francês baseado em sua linhagem materna. No entanto, a nobreza francesa preferiu Filipe VI, da Casa de Valois, como rei.
Tensões territoriais: a região de Aquitânia, no sudoeste da França, estava sob controle inglês, mas os franceses contestavam essa posse. Além disso, havia disputas sobre o controle de Flandres (parte da Holanda e Bélgica atuais) que, na época, possuía fortes laços econômicos com a Inglaterra, mas cuja aristocracia estava vinculada à nobreza francesa.
Rivalidade feudal: o sistema feudal europeu era marcado por tensões internas à nobreza, com várias dinastias disputando poder e influência. A relação entre os monarcas franceses e ingleses era complexa, com ambos os lados buscando expandir seu domínio territorial.
Impacto econômico: as áreas contestadas eram economicamente importantes. O controle sobre regiões produtoras de vinho, lã e outros recursos agrícolas e artesanais tinha significativas implicações econômicas.
As fases e principais acontecimentos da Guerra dos Cem Anos
A Guerra dos Cem Anos pode ser dividida em quatro fases, cada uma marcada por diferentes campanhas e trégua.
1ª fase – Ascensão Inglesa (1337-1360)
A primeira fase do conflito foi marcada por uma série de vitórias militares inglesas, que conquistaram pontos estratégicos e terminaram controlando quase toda a faixa costeira do norte e oeste da França.
Por sua vez, os franceses sofreram perdas enormes, tanto por causa da guerra como da Peste Negra, e chegaram a ter seu rei, João II, feito prisioneiro pelos inimigos.
Os principais eventos dessa fase foram:
Batalha de Crécy (1346): liderados pelo rei Eduardo III, os ingleses obtiveram uma vitória decisiva usando arqueiros longos, uma inovação militar que dominou os cavaleiros franceses.
Cerco de Calais (1347): a captura de Calais deu aos ingleses um importante ponto estratégico e comercial.
Tratado de Brétigny (1360): Este tratado marcou uma trégua temporária, concedendo aos ingleses territórios adicionais na França. Em troca, os ingleses libertaram o rei João de seu cativeiro.
2ª fase – Revés Inglês (1360-1380)
Reconquista Francesa: sob a liderança de Carlos V, os franceses começaram a reconquistar territórios perdidos. Pelo Tratado de Bruges (1375), a Inglaterra teve seus territórios na França reduzidos à posse de Calais e de parte da Gasconha. Essa fase foi marcada por batalhas intermitentes, isto é, confrontos mais esporádicos e mudanças de controle territorial.
3ª fase – Novas derrotas francesas (1380-1420)
A terceira fase da Guerra dos Cem Anos marca uma nova série de derrotas francesas.
As principais causas dessas derrotas foram:
1- os problemas psiquiátricos do rei Carlos VI, o que o tornou incapaz de governar efetivamente;
2 – a ascensão da Casa de Borgonha, ramo dinástico rival ao Rei da França e que dividiu o reino;
3 – os sucessos táticos e militares do rei Henrique V, da Inglaterra.
Os principais episódios dessa etapa foram:
Batalha Azincourt (1415): Henrique V da Inglaterra obteve uma vitória esmagadora, novamente usando arqueiros longos.
Tratado de Troyes (1420): este tratado reconheceu Henrique V como herdeiro do trono francês, mas a morte precoce de Henrique e Carlos VI deixou novamente a situação instável entre os reinos.
4ª fase – Ressurgimento Francês (1420-1453)
Período de recuperação da França, impulsionada pela inspiração na figura de Joana D’Arc e pelo crescente uso da artilharia. Superou as típicas guerras de cavalaria das primeiras fases do conflito.
Joana d’Arc, uma camponesa da região da Lorena, tornou-se uma figura militar central no conflito. Ela afirmava ter recebido visões divinas do próprio arcanjo Miguel, que lhe solicitava coroar o príncipe herdeiro da França e libertar o reino dos ingleses.
Comandando um pequeno exército, Joana D’Arc obteve vitórias notáveis, inspirando os franceses e liderando a vitória na Batalha de Orléans (1429).
Assim, sob o comando de Carlos VII, que foi coroado rei com a ajuda de Joana D’Arc, os franceses conseguiram expulsar os ingleses, culminando na vitória em Castillon (1453), que efetivamente encerrou a guerra.
FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.
LOYN, Henry. Dicionário de Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
[5] A PESTE NEGRA é uma doença causada pelo bacilo Yersinia pestis, que desencadeou uma pandemia, isto é, uma proliferação generalizada, que ocorreu na segunda metade do século XIV, na Europa, matando um terço da população desse continente. Essa peste integrou a série de acontecimentos que contribuíram para a crise da Baixa Idade Média, como as revoltas camponesas, a Guerra dos Cem Anose o declínio da cavalaria medieval.
Origem e propagação da peste negra
A peste negra tem sua origem no continente asiático, precisamente na China. Sua chegada à Europa está relacionada às caravanas de comércio que vinham da Ásia através do Mar Mediterrâneo e aportavam nas cidades costeiras europeias, como Veneza e Gênova. Calcula-se que cerca de um terço da população europeia tenha sido dizimada por conta da peste.
A propagação da doença, inicialmente, deu-se por meio de ratos e, principalmente, pulgas infectadas com o bacilo, que acabava sendo transmitido às pessoas quando essas eram picadas pelas pulgas – em cujo sistema digestivo a bactéria da peste multiplicava-se. Num estágio mais avançado, a doença começou a se propagar por via aérea, por meio de espirros e gotículas.
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Contribuíam com a propagação da doença as precárias condições de higiene e habitação que as cidades e vilas medievais possuíam – o que oferecia condições para as infestações de ratazanas e pulgas.
Outro fenômeno da época em que se desencadeou a peste foi a atribuição da causa da moléstia aos povos estrangeiros, notadamente aos judeus. Os judeus, por não serem da Europa e por, desde a Idade Antiga, viverem em constante migração, passando por várias regiões do mundo até se instalarem nos domínios do continente europeu, acabaram por se tornarem o “bode expiatório” das multidões enfurecidas. Milhares de judeus foram mortos durante a eclosão da peste.
A morte no cavalo ao fundo da pintura mostra o caráter universal da morte no contexto da pandemia de peste negra.
Uma das tentativas de compreensão do fenômeno mortífero da peste negra pode ser vista nas representações pictóricas da chamada “A dança macabra”, ou “A Dança da Morte”. As pinturas que retratavam a “dança macabra” apresentavam uma concepção nítida da inexorabilidade da morte e da putrefação do corpo. Nestas pinturas, aparecem sempre esqueletos humanos “dançando” em meio a todo tipo de pessoa, desde senhores e clérigos até artesãos e camponeses – evidenciando assim o caráter universal da morte.
Sintomas da peste negra
Como ainda não havia um desenvolvimento satisfatório da ciência médica nesta época, não se sabia as causas da peste e tampouco os meios de tratá-la ou de sanear as cidades e vilas. A peste foi denominada “negra” por conta das afecções na pele da pessoa acometida por ela, isto é, a doença provocava grandes manchas negras na pele, seguidas de inchaços em regiões de grande concentração de gânglios do sistema linfático, como a virilha e as axilas.
Esses inchaços também eram conhecidos como “bubões”, por isso a peste negra também é conhecida como peste bubônica. A morte pela peste era dolorosa e terrível, além de rápida, pois variava de dois a cinco dias após a infecção. https://www.historiadomundo.com.br/idade-media/peste-negra.htm
Por Cláudio Fernandes