No Curso de Direito, ao iniciarmos o estudo do Estado como hoje o conhecemos, devemos, antes, mesmo que brevemente, repassar alguns acontecimentos históricos e tomarmos contato com alguns dos pensadores antigos e civilizações que tiveram seu apogeu no passado e desapareceram. Eis que tudo isso foi que possibilitou a evolução mental, espiritual e material do homem moderno
Iniciemos, pois, por um breve relato das civilizações antigas que trouxeram o Homem aos dias atuais e deram forma ao Estado como hoje o vivenciamos e que será objeto de estudos não somente em Teoria Geral do Estado (TGE), mas, também, em Direito Constitucional.
HISTÓRIA x HISTORIOGRAFIA
É preciso considerar, de início, que a tarefa do historiador em desvendar o processo histórico, produzindo uma reconstituição, que denominamos historiografia, traduz, de um lado, o conhecimento a que se chegou sobre o suceder histórico; e, de outro, os valores predominantes na época daquele historiador.[1]
Assim, História e historiografia firmam-se como coisas distintas, sendo o termo HISTÓRIA mais usado como uma referência ao suceder de acontecimentos históricos, independentemente da forma como chega ao nosso conhecimento; e a historiografia, a sua interpretação.
Os primeiros a utilizarem o termo História foram os gregos antigos, com o sentido de “investigação” e “acontecimento”. Nesse período despontou Heródoto (480-425 a.C), apelidado de “Pai da História”, com uma historiografia que tinha função de conselho, de lição de moral, de exemplo que não poderia ser esquecido.
Era o início da FASE DA NARRATIVA dos acontecimentos, do registro dos fatos que eram considerados extraordinários. Da época grega até os dias atuais, as diferentes gerações têm reescrito a História, refazendo o seu conhecimento do passado de acordo com as tendências de cada época, firmando a parcialidade da História e sua natural variabilidade.
Depois da História narrativa destacou-se a HISTÓRIA PRAGMÁTICA, que duraria até o século XIX e que valorizava, principalmente, a investigação das forças atuantes no processo histórico.
No início do século XIX, teve início a HISTÓRIA CIENTÍFICA, em que os historiadores, com métodos de investigação e de crítica das fontes históricas, com ampla utilização de disciplinas como a Sociologia, a Geografia, a Economia e outras, começaram a interpretar o passado, apontando a direção que as transformações apresentavam para o futuro.
Uma outra fase da historiografia foi a da HISTÓRIA NOVA, do século XX, com o estudo especializado dos acontecimentos e sua visão problematizante e de busca de explicações sociais globais.
A partir da escrita, vale repetir, usada convencionalmente como marco e criada pelos primeiros grandes impérios conhecidos; o egípcio e o mesopotâmico; os homens passaram a deixar registros escritos, abrindo possibilidades inesgotáveis à humanidade.
Tendo, então, como referência a escrita, a História tem sido dividida em quatro grandes períodos:
- Idade Antiga ou Antiguidade, que se inicia por volta de 4000 a.C. e termina
com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C (século V); - Idade Média, que durou do século V até o século XV, com a queda de Constantinopla, em 1453;
- Idade Moderna, que vai do século XV ao século XVIII, quando teve início a Revolução Francesa, em 1789;
- Idade Contemporânea, que se inicia no século XVIII e prossegue até os
dias atuais.
É importante observar que, embora esta periodização nos localize no tempo, ela possui diversas limitações, pois, entre outros fatores, identifica um único fato como transformador dos períodos históricos.
Como sabemos, novas estruturas e um novo tempo histórico não decorrem exclusivamente de apenas um acontecimento e, sim, de diversas transformações, demonstradas por vários acontecimentos, durante um período relativamente longo. E, hoje, os historiadores estão muito mais preocupados com as estruturas do que com os períodos: estão mais interessados em estudar o que se repete, o que se mantém durante séculos e o que sofreu modificações bastante lentas. Além disso, a periodização possui em si uma noção de sequência linear de etapas progressivas que exige alguma cautela, já que a dinâmica histórica não obedece a modelos e é sempre resultado da atuação dos homens, além de deixar a impressão que o de época posterior é sempre melhor e mais evoluído dos de épocas anteriores, o que em absoluto é verdadeiro.
A ANTIGUIDADE ORIENTAL
Com as observações e ressalvas antes mencionadas sobre História e Historiografia, o início da Idade Antiga caracterizou-se pelas grandes civilizações, nas quais o Poder do Estado (representado pelo faraó, imperador ou rei), detinha o controle absoluto. Dessas civilizações orientais, coube ao Egito e a Mesopotâmia a maior grandiosidade e opulência. Nestas civilizações a massa camponesa (servidão coletiva) servia ao Estado e aos seus privilegiados funcionários (burocracia).
O EGITO
A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste do Continente Africano, numa região predominantemente desértica, porém cortada pelo Rio Nilo, cuja importância foi crucial ao seu desenvolvimento, desenvolvimento este que se resume em uma frase de Heródoto[2]: “O Egito é uma dádiva do rio Nilo”.
Assim é que sofrendo enchentes anuais (de julho a novembro), o Rio Nilo transborda, ocupando grandes extensões de terra à suas margens, depositando nelas o húmus fertilizante[3]. Terminadas as cheias, o rio volta a seu leito natural, deixando as margens prontas para a agricultura abundante.
ANTIGO IMPÉRIO
Características: absolutismo do faraó, religiosidade e as pirâmides
Inicialmente, resumidamente, por volta do ano 3500 a.C. os povos organizaram-se em comunidades rudimentares, primitivas e autônomas, era os chamados “nomos”. Posteriormente estes se agruparam para melhor aproveitar as águas do rio Nilo e formaram-se dois reinos: o do Alto Egito situado ao sul e o do Baixo Egito, situado mais ao norte, próximo ao delta do Nilo.
Menés do Alto Egito conquistou o Baixo Egito promovendo a unificação territorial e política do Egito e instalou seu governo central em Tinis[1] iniciando uma monarquia absolutista de concepção divina.
Esse antigo império perdurou até o ano 2000 a.C. aproximadamente e foi marcado pelo absolutismo do Faraó e foi nesse período foram construídas a Pirâmides na região de Gizé[5] (Quéops, Quéfen e Miquerinos). Ao final deste período, a força dos nomarcas (antigos chefes dos nomos), em confronto com o poder central causaram grandes instabilidades e sérias crises, por uns 200 anos aproximadamente.
MÉDIO IMPÉRIO
Características: fim do isolamento e invasão dos hicsos
O Médio Império que se seguiu teve como capital Tebas e tem seu início pela reunificação do Egito após as instabilidades ao final do antigo império, período também conhecido por primeiro império tebano.
Este período foi marcado pelo FINAL DO ISOLAMENTO DO EGITO, que passou a ter contato com outros povos e tribos. Nesta fase, entre 1800 e 1700 a.C. chegam ao Egito tribos hebraicas e a invasão dos hicsos[6], queintroduziram no cotidiano egípcio o uso do cavalo, diversos armamentos e o ideal nacionalista. Finalmente após diversas rusgas internas, foram expulsos por volta do ano 1580 a.C.
NOVO IMPÉRIO
Características: Apogeu do Egito, reforma monoteísta e grandes conquistas
O Novo Império, também conhecido como Segundo Império Tebano, pois foi a elite de Tebas, sob o comando de Amósis I que liderou a guerra de libertação restaurando a hegemonia tebana.
ESTA FASE MARCA O APOGEU DA HISTÓRIA EGÍPCIA, fase em que se destacaram os faraós Tutmés III, com a expansão militar em direção a Mesopotâmia; Ramsés II famoso por sua vitória sobre os hititas (Batalha de Kadesh); e Aquenaton ou Amenófis IV que promoveu a revolução religiosa monoteísta (crença no deus Aton), sendo essa revolução anulada com sua morte a ascensão de Tutacâmon. Nesta época foram construídos os templos de Luxor e Karnac.
Ao final deste período, por volta do ano 660 a.C. os assírios sob o comando de Assurbanipal, invadiram e conquistaram o império iniciando a dominação estrangeira sobre o Egito.
RENASCIMENTO SAÍTA
Características: recuperação egípcia e invasão persa
Psamético, governador da cidade de Saís, liderou a libertação do povo egípcio dominado pelos assírios. Foi neste período que se deu a construção do canal de Ramsés II, por Necao, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, obra precursora do futuro Canal de Suez.s II, por Necao, ligando o Mar Mediterrnaçm o poder central causaram grandes instabilidades e stura abundante. E, finalmente, os persas, comandados por seu rei Cambises, conquistaram definitivamente o Egito, que acabaram por transformá-lo em província persa.
CONCLUSÃO:
O Egito foi o primeiro reino unificado da história, e neste sentido escreve Cardoso[7]:
““O Egito faraônico não somente representa o primeiro reino unificado historicamente conhecido, como também a mais longa experiência humana documentada de continuidade política e cultural.”[8]
Mesmo não incluindo o período Greco-Romano (embora monarcas helenísticos e imperadores romanos tenham figurado como “faraós” em momentos egípcios. A história do Egito se estende por uns dois mil e setecentos anos, de aproximadamente 3.000 a.C. até 332 a.C. (…….)
Tal história conheceu, é verdade, fases de descentralização, anarquia e domínio estrangeiro, mas durante esses longos séculos o Egito constituiu uma mesma entidade política reconhecível.” [9]
CONTINUAREMOS COM A MESOPOTÂMIA
CONTINUAREMOS……
Fonte – TV Cultura Aulas de História Mundial entre outras indicadas no rodapé
Pesquisa, Compilação e Adaptação – Prof. Artur Cristiano Arantes
Homepage – https://professorarturarantes.com/
[1] Sala de Aula do Professor Artur: Pitacos de História Geral – I, https://arturprofessor.blogspot.com/2010/10/pitacos-de-historia-geral-i.html.
[2] O grego Heródoto, chamado “pai da História”
[3] Detritos que o rio carrega
[4] Daí o nome TINITA dado a esse período
[5] Entre 2700 e 2600 a.C.
[6] O Egito tem, então, pela primeira vez contato com a dominação estrangeira.
[7] CARDOSO, C.F.S. “O Egito Antigo” – São Paulo, Brasiliense – 1982
[8] O Egito faraônico, https://brainly.com.br/tarefa/60281854.
[9] APOL História e Historiografia da Antiguidade Oriental, https://www.passeidireto.com/arquivo/84966181/apol-historia-e-historiografia-da-antiguidade-oriental.