Pitacos de História Geral Estado antigo (grandes impérios) 2ª parte – Mesopotâmia

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A MESOPOTÂMIA

Outra grande civilização da antiguidade, em que o Estado detinha poder máximo e controle quase total, foi a Mesopotâmia. Porém, ao contrário do que ocorreu com a história do Egito, esta não primou por uma unidade política constante e muito menos estável. Na Mesopotâmia se destacaram vários povos e inúmeras e sucessivos impérios.

SITUADA ENTRE OS RIOS TIGRE E EUFRATES, foi berço de várias civilizações, podendo, grosso modo, ser dividida em Alta, ao norte e Baixa ao sul, também conhecida como Caldéia (região de pântanos e alagadiços).

A fertilidade da baixa Mesopotâmia se opunha à pobreza em madeira, minerais e matérias-primas alta Mesopotâmia, o que fez da argila um dos elementos básicos para o desenvolvimento dos povos que ali se fixaram.

Diferente do Egito, que era cercado por extensos desertos, a Mesopotâmia era desprovida de proteções naturais o que permitia fácil acesso aos povos nômades o que caracterizou sua história política agitada pela ascensão e pelo declínio de diversos reinos e impérios.

Vejamos, brevemente alguns deles:

SUMÉRIOS E ACÁDIOS

Mesmo sem conhecermos exatamente sua origem, sabemos que ocuparam a Caldéia por volta do ano 3000 a.C. e fundaram várias cidades-estados, como Ur, Uruk e Lagash. Estas cidades-estados eram independentes e governadas pelos patesi (reis).

Foram os Sumérios os responsáveis pela criação da escrita cuneiforme mesopotâmica, registros cotidianos, econômicos e políticos da época eram feitos na argila, com símbolos formados por cones e iniciaram o desenvolvimento da astronomia. Nesse mesmo momento, surgem os hieróglifos no Egito.

Já os Acádios, de origem semita, fixaram-se na Alta Caldéia e fundaram várias cidades, e seu rei Sargão I, apelidado de o “Rei dos Quatro Cantos do Mundo” conquistou os sumérios e unificou a região, porém essa união durou pouco, pois novas invasões e revoltas internas acabaram por destruí-los. Aproveitando-se das ruínas dos Acádios, os sumérios experimentaram breve reerguimento de suas cidades-estados, que perdurou até nova invasão, os Amoritas.

OS AMORITAS (primeiro Império Babilônico)

Os Amoritas instalaram sua capital na cidade de Babilônia. Um de seus mais importantes soberanos foi Hamurabi, que estendeu as fronteiras do império desde o golfo Pérsico até a Assíria. Hamurabi ficou famoso, principalmente por elaborar o primeiro código de leis que se conhece, o qual tinha por base a pena de Talião (olho por olho, dente por dente), considerado o mais destacado feito jurídico da Antiguidade oriental; O CÓDIGO DE HAMURABI.

O IMPÉRIO ASSÍRIO

Os Assírios possuíam o mais famoso exército da antiga Mesopotâmia e ficaram famosos por sua crueldade com os povos vencidos. Sob o governo de Sargão II, conquistaram o Reino de Israel; e, tomaram a cidade de Babilônia.  Dentre seus governantes, destacamos Assurbanipal, construtor da famosa biblioteca de Ninive e vitorioso na campanha contra o Egito[1].

Após sua morte o império Assírio entrou em declínio e Nabopolasar, comandando uma revolta dos medos e caldeus, destruiu o império dando início ao segundo Império Babilônico.

SEGUNDO IMPÉRIO BABILÔNICO

Seu principal soberano foi Nabucodonosor, construtor dos jardins suspensos da Babilônia e do “zigurate” (Torre de Babel). Aniquilou os fenícios e subjugou os hebreus do Reino de Judá, levando-os cativos para a Babilônia. Após sua morte, o império começou a declinar, até ser conquistado por Ciro, rei dos persas, em 539 a.C.

OS HEBREUS

Embora não tão poderosas como a do Egito e da Mesopotâmia, as civilizações hebraica, fenícia e persa foram também importantes e com significativas realizações na antiguidade.

A história hebraica se desenvolve na região da Palestina que é banhada pelo rio Jordão (que nasce na cordilheira do Líbano e desemboca no Mar Morto), hoje a maior parte deste território é ocupado por Israel.

A história dos hebreus é rica em fatos bíblicos relatados pelo Cristianismo. Deixando de lado a questão da religiosidade, os fatos mais importantes foram:

A Era dos Patriarcas: foi o período de estabelecimento dos hebreus na Palestina. Os Patriarcas eram chefes dos clãs (famílias), e segundo a bíblia Cristã, Abraão foi o primeiro Patriarca que deixando a cidade de Ur, na Caldéia dirigiu-se para a Palestina (a terra prometida aos hebreus – “terra de Canaã”).

Os Patriarcas seguintes foram Isaac e Jacó (ou Israel), este deixou 12 filhos que deram origem as 12 tribos hebraicas. As sucessivas guerras contra os cananeus e filisteus levaram parte do povo a abandonar a região, rumo ao Egito[2]. Na história Egípcia essa época corresponde a época da invasão dos hicsos. Após a expulsão dos hicsos, vários povos estrangeiros sofreram perseguições no Egito e os hebreus acabaram escravizados.  Ainda segundo a Bíblia, o povo hebreu, liderados por Moisés, abandonou o Egito iniciando o caminho de volta a  Palestina,  esse é  o  chamado ÊXODO HEBRAICO, muito rico na cultura do Cristianismo, como a travessia do Mar Vermelho, os Dez Mandamentos (o Decálogo) no Monte Sinai. Entretanto foi o sucessor de Moisés, Josué que alcançou a Palestina e atualmente a comemoração religiosa da Páscoa judaica relembra a saída dos hebreus do Egito.

Seguiram-se aEra dos Juízes, a Era da Monarquia e finalmente o CISMA HEBRAICO, na disputa pela sucessão de Salomão que dividiram os hebreus em dois reinos: o Reino de Israel, com 10 tribos e capital em Samaria; e o Reino de Judá, com duas tribos e capital em Jerusalém. Essa cisão enfraqueceu efetivamente os hebreus e Sargão II, rei dos assírios conquistou o Reino de Israel em 721 a.C. e o Reino de Judá foi conquistado pó Nabucodonosor em 586 a.C.

Somente com a conquista da Babilônia por Ciro I, em 539 a.C. os hebreus foram libertados e retornaram à Palestina, reconstruindo o Estado hebraico na região de Judá, porém como uma província persa.

DIÁSPORA HEBRAICA: Após o domínio persa, veio o julgo greco-macedônio e, a seguir o romano e em 70 a.C. sob o comando do imperador Tito, a capital Jerusalém foi destruída e o povo hebreu se dispersou por outras regiões. Este fato ficou conhecido como a Diáspora Hebraica, ou seja, o fim do Estado Hebraico, que só voltaria a existir cerca de 1500 anos depois com a criação do atual Estado de Israel, em 1948, por decisão da ONU.

 OS FENÍCIOS

Localizada ao norte da Palestina, os fenícios se destacaram como uma civilização de navegantes e comerciantes, porém nunca alcançaram uma unidade política e viviam em cidades-estados autônomas.

Sua história desdobrou-se na hegemonia de cada uma dessas cidades-estados:

  1. A de Biblos, de 2500 a.C. até 1500 a.C.
  2. A de Sidon, de 1500 a.C. até 1300 a.C.
  3. A de Tiro de 1100 a.C. até 500 a.C.

Os fenícios cultuavam vários deuses, em especial os astros Baal (o sol) e Astartéia (a lua) e por darem grande valor a tais divindades desenvolveram intensamente a astronomia e a matemática, vinculadas a cálculo do movimento dos astros. Como navegantes e comerciantes fundaram diversos entrepostos comerciais em torno do Mar Mediterrâneo e relacionaram-se com todos os povos da região.

Sua sociedade era dividida em dois grupos: a ARISTOCRACIA, formada pelos comerciantes e armadores que comandavam as cidades-estados; e CAMADAS POPULARES, constituídas pelos trabalhadores livres e ESCRAVOS. Nas cidades-estados predominava a centralização política, sob o comando dos ricos comerciantes marítimos (talassocracia)[3]

Sua mais importante contribuição, porém, foi a criação de um sistema de escrita prático e simples, o alfabeto de 22 letras que, aprimorado mais tarde pelos gregos e romanos, se transformou em nosso alfabeto atual.

OS PERSAS

A Pérsia localizava-se a leste da Mesopotâmia, onde atualmente fica o Irã. Sua civilização foi produto da fusão de dois povos locais, os medos e os persas por volta do ano 600 a.C. Criaram uma moeda nacional, o Dárico, que assegurava a unidade comercial do império.

Dentre seus vários governantes, vale destacar:

Ciro I (559-529 a.C.) o unificador definitivo do Estado, fundador do Império Persa. Com a expansão militar, submeteu a Mesopotâmia, em 539 a.C. libertou os hebreus do cativeiro da Babilônia.

● Cambises (529 – 522 a.C.) o conquistador do Egito.

Dario I (512 – 484 a. C.) responsável pela organização administrativa do Império Persa, que dividiu em províncias chamadas satrapias. Foi Dario que iniciou a guerra contra os gregos, a chamada Guerras Médicas (494 a.C.) e derrotados viveram a decadência progressiva, até serem conquistados definitivamente por Alexandre Magno, da Macedônia, em 330 a.C.

A religião persa teve influência na formação do Judaísmo e do Cristianismo, podendo mesmo afirmar que a religião foi uma contribuição importante dos persas para a posteridade. Era uma religião dualista, ou seja, com duas divindades: Ormuz-Mazda, deus do bem, da luz e do espiritual e Arimã, o deus do mal e das trevas. Essas duas divindades estavam em constante luta, e cabia aos homens adorarem seu criador, o Mazda, para evitar o triunfo das trevas. Admitiam que Zoroastro ou Zaratustra havia criado essa religião, por isso denominada  Zoroatrismo ou Mazdeísmo[4], e acreditavam ainda, na vida após a morte e na vinda do messias salvador (Messianismo).

Antes de encerrarmos este texto, vale destacar que o surgimento das primeiras cidades, na transição para o período histórico, firmou o aparecimento das primeiras civilizações. Isto é, a matriz da palavra “civilização” vem do latim civilis, vocábulo re­lativo aos habitantes da cidade. Dela também derivam as palavras  “civil”,  “civismo”,  “civilidade”,  etc.

Nas próximas publicações encontraremos a palavra “bárbaro”em referência aos povos que não eram gregos (época da Grécia) nem romanos (na época de Roma). Hoje, a palavra “bárbaro” possui uma forte conotação negativa (assim como Pré-história), em oposição à palavra “civilização”, que geralmente é associada a progresso e cultura, os quais deveriam ser copiados pelos povos não civilizados, pois “civilização” também sig­nifica o “ato de civilizar alguém”.

Os nossos próximos assuntos (Grécia e Roma) pertencem ao que ficou consagrado na cultura histórica de civilizações clássicas, que assim são chamadas, pois que elas constituíram o fundamento das sociedades ocidentais da atualidade. Delas, o Ocidente teria herdado a mentalidade, o sistema jurídico-administrativo, os padrões artísticos e culturais. 

Observe também que o termo “clássico” carrega a ideia de ser “da mais alta classe”, firmando uma pretensa origem elevada dos europeus, com um claro sentido de supe­rioridade sobre outros povos. Uma Europa como centro (eurocentrismo), definindo as outras civilizações que já estudamos de orientais, isto é, aquelas que surgiram fora do eixo histórico que acabou sendo tomado como centro e privilegiado. Enfim, as palavras como civilização, clássico, oriental não são neutras, muito menos isentas de sentidos e interesses.

Refletir sobre tais aspectos permite retomar a questão da História construída e dei­xada como herança até nós pelos europeus, numa visão de serem eles (e seus atuais continuadores na hegemonia mundial) o “umbigo do mundo”,  fazendo do resto uma periferia que deve tomar o centro como modelo.

CONTINUAREMOS……

Fonte – TV Cultura Aulas de História Mundial 

Pesquisa, Compilação e Adaptação – Prof. Artur Cristiano Arantes

 Homepage – https://professorarturarantes.com/


[1] Mesopotâmia Antiga. Mesopotâmia Antiga Outra grande civilização da Antiguidade oriental…,     https://slideplayer.com.br/slide/2681041

[2] A Palestina também foi ocupada por outros povos na Antiguidade, https://docplayer.com.br/7279849-A-palestina-tambem-foi-ocupada-por-outros-povos-na-antiguidade-contudo-os-hebreus-foram-predominantes.html

[3] Tálasso + Cracia – domínio, império ou hegemonia sobre os mares de que goza uma nacionalidade, com exclusão das demais. (Michaellis)

[4] Os fundamentos desta religião estão contidos no livro Zend-Avesta

Professor Artur Arantes

Com mais de 20 anos de dedicação ao ensino, Prof. Artur Cristiano Arantes é referência para alunos que desejam aprofundar seus conhecimentos em áreas fundamentais do Direito.

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