ANTIGUIDADE CLÁSSICA
GRÉCIA – IMPÉRIO HELENÍSTICO – ROMA
Anteriormente tivemos a oportunidade de discorrer alguma coisa sobre a evolução humana, história essa que lançou as bases de nossa civilização contemporânea. Falamos sobre as antigas culturas, a EGÍPCIA e a MESOPOTÂMICA.
Mas, podemos considerar que a civilização ocidental se inicia com o chamado Mundo Grego. Deles recebemos: a Filosofia, a Democracia etc., que fazem parte dessa grande herança, desse grande legado.
1 – GRÉCIA ANTIGA
O Mundo Grego, a partir do século VIII a.C., passa por grandes modificações sociais, econômicas, culturais e políticas, em virtude do crescimento populacional. Esse crescimento populacional em uma região e solo não muito fértil (Península Balcânica) vai gerar um processo migratório que se torna conhecido como “COLONIZAÇÃO GREGA”, que atinge o Mar Egeu, o Mar Mediterrâneo e parte da Europa (sul da França, sul da Espanha, sul da Itália, a Península Balcânica, a Ásia Menor, o Mar Negro, o Norte da África e Ilhas do Mar Mediterrâneo).
Esse processo de colonização grega acaba por desenvolver a atividade comercial e industrial. Por conta desse desenvolvimento, é que vamos ter a introdução da moeda, que vem representar uma revolução no pensamento grego em virtude da noção abstrata de valor contida na moeda. (diferente do escambo – troca de mercadorias por mercadorias).
Também vai contribuir para o desenvolvimento da racionalidade grega a introdução da escrita, desenvolvendo o pensamento crítico e analítico, pois nem sempre se escreve da forma como se fala. Também por conta da introdução da escrita, a legislação do Mundo Grego, que antes era oral, passa a ser escrita.
Nesta fase, os principais legisladores foram:
DRÁCON – Primeiro legislador, que vai introduzir as leis escritas na Grécia. Leis severas que deram origem ao termo “Leis Draconianas”
SÓLON – Que produz reformas nas leis vigentes, abolindo a escravidão por dívidas e introduz o Voto Censitário (Só terá direito ao Sufrágio aquele que dispuser de riqueza pessoal elevada). No Brasil vigorou até 1891
CLÍSTENES – Que vem a fazer uma reforma política e jurídica entre os cidadãos, abrindo caminho para a democracia. Por isso é chamado de “O Pai da Democracia”
Ainda por conta da colonização vai se desenvolver o URBANISMO, as cidades. As cidades do Mundo Grego são diferentes das demais existentes. É o fenômeno da POLIS – Cidades-estados, cuja característica marcante é a autonomia política, social e econômica, uma em relação a outras.
Entre as centenas de POLIS (cidades–estado) que vão surgindo e se desenvolver, duas merecem destaque: ATENAS e ESPARTA.[1]
ATENAS – Com forte desenvolvimento mercantil.
Com educação voltada para a formação do cidadão, cidadão este que vai defender e discutir assuntos políticos na praça pública.
Atenas torna-se uma cidade cosmopolita recebendo poetas, filósofos e mercadores de todas as partes do mundo antigo.
Também desenvolve o regime democrático
ESPARTA – Com forte desenvolvimento de economia agrária, tendendo a autossuficiência econômica
Na educação voltava-se para a militar que visava a formação de bons soldados
O desenvolvimento da xenofobia, ou seja, a aversão aos estrangeiros
Seu regime político foi a oligarquia, e extremamente conservador.
Por falar em democracia devemos dizer que a democracia grega era muito diferente da democracia contemporânea. A nossa democracia é REPRESENTATIVA, quer dizer que por eleições escolhemos nossos legisladores, nossos representantes (Deputados Federais, Estaduais, Senadores e Vereadores).
No caso da democracia grega ela era DIRETA, ou seja, o próprio cidadão deveria estar em praça pública e ele mesmo debater, discutir e votar as decisões políticas.
Era também, além de direta, LIMITADA, (sistema restritivo modalidade caracterizada pela exigência de determinadas situações sociais), ou seja, somente os grandes proprietários e do sexo masculino e ainda maiores de 18 anos poderiam exercer esse direito.
1.1 – PERÍODO CLÁSSICO
O chamado Período Clássico da Grécia é também o período das hegemonias em virtude de duas grandes guerras: (1) Guerras Médicas e (2) Guerra do Peloponeso
As GUERRAS MÉDICAS envolveram as cidades gregas e os persas. Persas que em expansão, queriam dominar o Mar Mediterrâneo e as próprias cidades gregas. Desta forma, as cidades gregas se unem em uma liga militar, a chamada LIGA DE DELOS, sob o comando de Atenas.
Essas guerras duram cerca de 11 anos e duas grandes batalhas são lembradas pela história: A Batalha de Maratona, que acabou dando origem a modalidade olímpica (Corrida da Maratona), isso porque um soldado de nome Felípedes correu quase trinta quilômetros para informar da vitória dos gregos nessa batalha ao povo que aguardava. A última grande batalha entre gregos e persas foi a Batalha de Salamina, onde os persas vão assinar a rendição.
Após a Guerras Médicas (assim chamadas pois os persas também eram chamados de medos) há uma grande hegemonia de Atenas em face as outras cidades-estados. Este é chamado de “O Século de Ouro”.
● É o século de Péricles, que vai fazer uma série de reformas no Mundo Grego.
● É o século da FILOSOFIA, é a época de SÓCRATES, ARISTÓTELES, PLATÃO.
● É a época do Teatro Grego com EURÍPEDES e SOFLOCLES. (Personagens que vocês irão conhecer melhor em Filosofia do Direito futuramente).
Essa hegemonia de Atenas acabou por causar inveja aos governantes de outras cidades-estados e contra esse domínio ateniense, estas outras cidades-estados, lideradas por Esparta formam uma liga militar rival, a “LIGA DO PELOPONESO”, iniciando-se assim uma sangrenta guerra civil. Algumas cidades sob a liderança de Atenas (Liga de Delfos), contra as cidades sob a liderança de Esparta (Liga do Peloponeso), dão-se início a GUERRA DO PELOPONÉSIO que vai trazer a vitória a Esparta e seus aliados.
Como consequência de 28 anos de guerra civil, o mundo grego se enfraquece, e esse enfraquecimento vai favorecer a invasão de um povo vizinho, OS MACEDÔNIOS.
2 – IMPÉRIO MACEDÔNIO (HELENÍSTICO)
Felipe II, Rei da Macedônia aproveitando-se desse enfraquecimento da Grécia por causa da Guerra do Peloponeso e com seu projeto expansionista vai conquistar, sem muitas dificuldades a Península Balcânica, tarefa essa facilitada pelas rivalidades entres as próprias cidades gregas.
Após a morte de Felipe II, assume seu filho ALEXANDRE MAGNO que dá continuidade a expansão das conquistas macedônias. Desta forma acaba por conquistar o Egito, a Ásia Menor (atual oriente médio), levando a cultura grega ao oriente.
Há de se notar que o papel de Alexandre Magno foi muito importante para a antiguidade, sendo ele a pessoa responsável pela difusão da cultura grega para fora da Grécia. Levou-a para o Egito e para a Pérsia, formando desta maneira o famoso IMPÉRIO HELENÍSTICO.
CABE AQUI UMA OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
1 – A CULTURA HELÊNICA é a cultura Grega pura e autêntica.
2 – A CULTURA HELENÍSTICA é a FUSÃO da cultura grega, após Alexandre Magno, com a cultura oriental e a cultura persa especialmente.
Essa CULTURA HELENÍSTICA vai se estender geograficamente por toda a Península Balcânica, pelo norte da África, Egito, Ásia Menor e Pérsia. Seus principais centros serão as cidades de Pérgamo, Antióquia e Alexandria.
Por conta desse desenvolvimento vamos ter na filosofia PLATINO, resgatando as ideias de PLATÃO, e nas ciências EUCLIDES e ARQUIMEDES. A Cultura Helenística que influenciou o mundo antigo, vai acabar por influenciar também, a partir do século II d.C. os romanos que conquistam o Império Helenístico.
3 – O MUNDO ROMANO
Ainda tratando da antiguidade clássica devemos rapidamente tecer alguns comentários sobre o Mundo Romano.
Hoje em dia vemos em Roma as ruínas do Coliseu, que retrata parte da história dos romanos, Coliseu este, palco das lutas dos gladiadores e marco da perseguição aos cristãos em determinado momento da história.
A história romana pode ser dividida didaticamente em três períodos:
1 – Monarquia
2 – República
3 – Império
1 – A MONARQUIA – período marcado por lendas e muito bem retratadas na “Eneida” de Virgílio.
2 – A REPÚBLICA – é caracterizada pelas tensões sociais.
Durante este período da história romana a principal instituição será o SENADO ROMANO. O Senado era quem toma todas as decisões políticas. Também havia outra instituição, a MAGISTRATURA, tratando-se de instituição política encarregada de executar aquilo que tivesse sido determinado pelo Senado.
As tensões sociais do período republicano envolvem a luta entre PATRÍCIOS que detinham o monopólio do PODER POLÍTICO e os PLEBEUS, grupo marginalizado dessas decisões políticas.
É neste período que aparece a LEI DAS XII TÁBUAS, tratando-se das primeiras leis escritas de Roma.
Depois vem a criação do TRIBUNATO ou TRIBUNÍCIO, e com ele os chamados TRIBUNOS DA PLEBE, que eram representantes dos plebeus no Senado Romano.
Entre esses Tribunos, três merecem destaque:
LICÍNIO – responsável pela ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA POR DÍVIDAS (LEI LICÍNIA)
CANULEU – autor da lei que autorizava o casamento entre classes de patrícios e plebeus – cria-se a IGUALDADE CIVIL – (LEI CANULÉIA)
HORTÊNSIO – autor da lei em que as decisões tomadas na Assembleia da Plebe tenham força de lei. É o aparecimento do PLEBISCITO – (LEI HORTÊNSIA)
Ao mesmo tempo em que ocorriam essas tensões sociais, Roma também realizava sua expansão territorial.
As GUERRAS PÚNICAS marcam o início dessa expansão.
Trata-se da guerra entre ROMA e CARTAGO pelo controle do Mar Mediterrâneo (os cartagineses também eram chamados ou conhecidos como PUNOS, daí o termo Guerras Púnicas). O objetivo de controlar o Mar Mediterrâneo era exatamente o de controlar todas as rotas comerciais.
No final Roma vai acabar conquistando toda a Itália, boa parte da Europa Ocidental, norte da África e o Mundo Helenístico (como vimos).
Essa expansão territorial vai trazer profundas mudanças e transformações para a sociedade, para a política, para a economia e cultura romana, como exemplo a adaptação dos deuses gregos e principalmente o aparecimento do LATIFÚNDIO, as grandes propriedades, maneira que o Estado tinha para garantir seu território, ou seja doava a seus apaniguados grandes extensões de terras, desde que estes defendessem-na para o Estado
A atividade romana torna-se, a exemplo de Atenas em outrora, MERCANTIL, assim o que se produz nas grandes propriedades (principalmente o Trigo e a Uva), passa a ser comercializado pelo império ao longo do Mar Mediterrâneo.
Também aparece o desenvolvimento do ESCRAVISMO, quer dizer, após a expansão territorial e com a conquista de povos, estes passaram a ser a principal força de trabalho. Como consequência do escravismo ocorre o ÊXODO RURAL, isso em virtude dos grandes latifúndios e a mão de obra escrava.
Começa a aparecer os chamados “SEM TERRAS” e eles se dirigem às cidades, porque lá na cidade o Estado Romano está adotando a famosa política do “PÃO E CIRCO”, que consistia na distribuição gratuita de alimentos e a diversão em espaços públicos (já nos referimos anteriormente ao Coliseu, onde havia as lutas entre gladiadores e a perseguição aos inimigos do regime, principalmente cristãos)
Também vai surgir os “HOMENS NOVOS”, tratando-se de um novo grupo social que vai se dedicar a nova atividade econômica (comércio) e prestar serviços ao Estado, além de financiamentos.
E por fim surgem as guerras civis. As tensões entre Patrícios, Plebeus, Escravos e Homens Novos, chega a tal ponto que Roma conhece o período de guerra civil por longo período.
3 – IMPÉRIO – Após cerca de 100 anos de guerras civis e total anarquia, Roma inicia o período conhecido como PERÍODO IMPERIAL ROMANO e é esse período que pode ser dividido em: ALTO IMPÉRIO e BAIXO IMPÉRIO
O ALTO IMPÉRIO refere-se aquele momento de apogeu de Roma, momento glorioso do império, é a época de ouro desta civilização. É o momento dos gladiadores da perseguição aos cristãos.
Neste período destaca-se o IMPERADOR AUGUSTO que introduz a chamada PAX Romana, é o momento em que a política do “pão e circo” atinge seu auge.
JÁ O BAIXO IMPÉRIO refere-se aquele momento de crise romana por conta da diminuição do número de escravos. Isto se dá porque a partir do império de TRAJANO o exército romano não faz mais conquistas, passando a proteger, a defender as fronteiras de Roma.
O médio e longo prazo essa política vai trazer como consequência problemas para Roma, porque em não havendo expansão territorial não há também mais escravos.
Com a diminuição do número de escravos há uma consequente QUEDA NA PRODUÇÃO ROMANA e para que o Estado Romano possa se manter, manter sua estrutura, sua burocracia, inicia-se uma política fiscal austera com aumento excessivo de impostos.
Imposto alto mais produção baixa gera um fenômeno muito conhecido, A INFLAÇÃO, e esta inflação atinge primeiramente os plebeus que passam a sair das cidades e ir para o campo, é o ÊXODO URBANO. Isto ocorre porque lá no campo, o grande latifundiário, o grande senhor das terras, o grande proprietário, precisa de força de trabalho porque havia diminuído o número de escravos e consequente mão de obra. Assim vai se desenvolver um novo tipo de relação, a do COLONATO.
No COLONATO o grande proprietário fornecia um pedaço de suas terras ao plebeu e sua família e o que este produzisse nessas terras seria seu, em troca esse mesmo plebeu devia produzir também nas terras do grande senhor e o que ali fosse produzido seria do grande proprietário. Algo “justo”, tipo dois dias trabalhando em suas terras e cinco dias nas terras do senhor.
Assim inicia-se a crise final de Roma:
A – diminuição do número de escravos (fim das conquistas territoriais)
B – Inflação (baixa produção e altos impostos)
C – Êxodo urbano
D – Colonato.
Outro elemento que vai contribuir fortemente para crise e para a queda do Império Romano será o CRISTIANISMO. A religião cristã, monoteísta, não vai reconhecer as divindades pagãs e nem a autoridade “divina” do Imperador. Essa religião cristã vai se alastrar por todo o Império Romano, isto porque ela ampara mulheres, escravos e miseráveis, justamente num contesto de grave crise econômica, e neste contesto de sofrimento ouvir:
“…bem-aventurados os pobres, porque deles será o Reino de Deus”
Essa frase de grande apelo acaba por alastrar-se, e o IMPERADOR NERO inicia uma sistemática perseguição aos adeptos do cristianismo, a ponto de acusá-los de terem ateado fogo em Roma. Assim o último imperador a perseguir os cristãos foi DIOCLESSIANO.
A partir de CONSTANTINO a religião é oficializada em Roma com a edição do “ÉDITO DE MILÃO”.
TEODÓSIO dá continuidade a essa política e no ano de 395 d.C. oficializa o Cristianismo como religião oficial do Estado Romano, nascendo assim a “IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA”.
Este mesmo imperador, numa tentativa de contornar a crise por que passava Roma promove uma reforma administrativa, dividindo o Império em duas partes:
1 – Império Romano Oriental com Capital em Constantinopla
2 – Império Romano Ocidental com Capital em Roma
E é esta parte ocidental que será invadida e ocupada pelos povos bárbaros germanos a partir do ano 476 d.C. que é a data histórica oficial da queda do Império Romano, do seu esfacelamento no ocidente. A partir daí, nessa parte ocidental criam-se os chamados REINOS BÁRBAROS, dando início a uma nova fase da história, a chamada IDADE MÉDIA.
Quanto ao IMPÉRIO ORIENTAL TAMBÉM CHAMADO DE BIZANTINO (por causa de Bizâncio, seu Imperador mais famoso) não nos interessa no momento, mas veremos mais tarde.
Fonte – TV Cultura Aulas de História Mundial entre outras.
Pesquisa, Compilação e Adaptação – Prof. Artur Cristiano Arantes
Homepage – https://professorarturarantes.com/
[1] História Geral – Filosofia democracia teatro fazem parte de … – Studocu,