REDAÇÃO E LINGUAGEM JURÍDICA
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO e FUNÇÕES DA LINGUAGEM[1]
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
As relações humanas se dão através da comunicação, o ato comunicativo.
Veremos a seguir quais são os elementos da comunicação.
ATO COMUNICATIVO
Todas as relações humanas são mediadas pela comunicação, é ela que faz com que o Ser Humano interaja com outros e com o ambiente no qual está inserido. Compreender o ato comunicativo nos trás um repertório que nos auxiliará na compreensão textual, pois afinal todo texto é comunicação. Todo texto é um ato comunicativo e leva consigo os elementos da comunicação.
A comunicação tem seis elementos importantes
1 – EMISSOR – todo ato comunicativo vai pressupor que vai existir alguém que vai emitir essa comunicação, vai agir num primeiro momento dessa comunicação. É a primeira pessoa da comunicação.
2 – MENSAGEM – O emissor emite a mensagem
3 – RECEPTOR – É a segunda pessoa do discurso, a que recebe a mensagem do emissor
4 – CANAL – A mensagem que vem do emissor ao receptor vem através do canal. Canal são os meios de comunicação por onde a informação sai do emissor e chega ao receptor de forma a sensibilizá-lo, não no sentido psicológico, mas sim, no sentido dos cinco sentidos: da visão, da audição, do olfato, do tato e do paladar.
Assim, quando o emissor emite uma mensagem para o receptor por esses canais como, por exemplo, uma foto enviada ao receptor ele, o emissor, está estimulando o receptor pela visão.
Todas as formas de sensibilização são comunicações: o radialista o faz através da audição, um cozinheiro pode fazê-lo através de um prato com seu perfume e paladar etc.
Portanto, o emissor emite uma mensagem através de canais que sensibilizam o receptor.
5 – CÓDIGOS – é a maneira pela qual se dá a mensagem. Por exemplo a língua portuguesa, a língua que falamos. O emissor fala em língua portuguesa e o receptor entende a mesma língua, faz parte do repertório de conhecimento deste código, então compreende a mensagem. Assim, ambos dominam o mesmo código e desta forma se dá a comunicação, o ato comunicativo se completa entre ambos.
Outro exemplo: o emissor envia a mensagem pelo canal auditivo, mas em russo (código linguístico) e o receptor não tem domínio sobre esses códigos, não consegue decodificar, portanto o ato comunicativo não se completa. É necessário, assim, que ambos tenham conhecimento do código da mensagem.
6 – REFERENTE (assunto) – O emissor manda uma mensagem ao receptor através de canais e códigos referindo-se a alguma coisa ou alguém: é o assunto, o referente. É a terceira pessoa do discurso, do ato comunicativo. Exemplo: é o Zé que fala para o João sobre o Pedro.
Quando interpretamos um texto, devemos observar o que é importante neste texto, quem ou o que é mais importante no texto: é o emissor? é o receptor? ou é o assunto, o referente?
Exemplo: um texto jornalístico ou um texto científico, o elemento mais importante é o assunto. Assim, um texto desse tipo, uma dissertação, tem que ser em terceira pessoa
Estes são os seis elementos da comunicação. O emissor ao emitir sua mensagem ele é o sujeito ativo da comunicação. O receptor por sua vez é o sujeito passivo do ato comunicativo.
Na comunicação dinâmica, uma conversação, quando um fala ele está sendo o emissor (sujeito ativo) e o que escuta o receptor (sujeito passivo). Aquele que recebia a fala, ao responder, torna-se o emissor e o outro receptor (dinâmica do ato comunicativo verbal), assim alternadamente: é o FEEDBACK, o retorno da mensagem que foi emitida.
Dentro desse ato comunicativo, onde temos emissor, receptor, mensagem, códigos, canal e referente, tudo isso está inserido dentro de um ambiente, dentro de uma situação física, social, psicológica e histórica, e a soma disso tudo forma o chamado CONTEXTO.
Não é possível analisar partes pequenas de um texto de maneira isolada, assim devemos interpretar um texto a partir de seu contexto, ou seja, os fatores múltiplos que existem dentro de um ato comunicativo, muitas vezes explícitos ou implícitos em outras. A interpretação se dá principalmente com os implícitos que são os que mais problematizam uma interpretação. Aquilo que não está sendo dito, mas que existe no ato comunicativo.
EXEMPLO:
Uma pessoa está conversando com um grupo ou outra pessoa em uma lanchonete, num ambiente descontraído, ela vai poder se utilizar de uma linguagem informal, podendo cometer qualquer desvio da linguística que não será condenada. É a linguagem informal. Já ao apresentar-se perante uma Banca numa faculdade para defender um TCC, por exemplo, ou fazer uma palestra, falar com uma autoridade, não é aconselhável utilizar o mesmo linguajar da lanchonete, porque os contextos são diferentes. O contexto da lanchonete é informal e o outro é formal. A pessoa (emissor) é a mesma, mas o receptor, o canal, os códigos, o ambiente exigem a formalidade e atenção. Portanto todo ato comunicativo se dá em um contexto.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
A linguagem (a língua) é a maneira que nos utilizamos para comunicar, e quando nos utilizamos desta, estamos querendo atingir algum objetivo importante.
Para atingirmos esse ou esses objetivos precisamos de um foco, algo que deva ser destacado (focado) na nossa linguagem. Essas são as funções da linguagem.
Na língua portuguesa temos as seguintes funções que a linguagem exerce no ato comunicativo:
1 – FUNÇÃO EMOTIVA ou EXPRESSIVA
2 – FUNÇÃO REFERENCIAL ou DENOTATIVA
3 – FUNÇÃO CONATIVA ou APELATIVA
4 – FUNÇÃO FÁTICA
5 – FUNÇÃO POÉTICA
6 – FUNÇÃO METALINGUÍSTICA
Em cada uma dessas funções existe um elemento do ato comunicativo que está enfatizado, que está sendo colocado em evidência.
1 – FUNÇÃO EMOTIVA ou EXPRESSIVA – nesta função quem aparece com evidência, em primeiro plano, é o próprio emissor, a primeira pessoa, aquela que está falando. Em um texto de autobiografia a pessoa conta sua história, portanto ela é o elemento mais importante do texto, o emissor. Outro exemplo: um currículo, ele fala da pessoa, é o emissor falando do emissor. Assim um texto emotivo ou expressivo, os verbos e toda a linguagem são articulados em primeira pessoa porque o elemento mais importante, repetimos, é o emissor.
2 – FUNÇÃO REFERENCIAL ou DENOTATIVA – Vimos no ato comunicativo que temos o emissor (1ª pessoa), o receptor (2ª pessoa) e o referente, o assunto (3ª pessoa). Assim a 1ª pessoa fala para a 2ª pessoa sobre algo, a 3ª pessoa. A função referencial ou denotativa o mais importante é o assunto, e não o emissor ou receptor. Portanto, trata-se de um texto em terceira pessoa. Como exemplo os textos jornalísticos, os textos científicos, a redação, onde o mais importante é o assunto, é ele que está em foco.
3 – FUNÇÃO CONATIVA ou APELATIVA – Aqui quem está em foco é o receptor, a segunda pessoa do discurso, é quem está recebendo a informação. Muito utilizada nas peças publicitárias pois quem está em foco, além do produto, é o comprador. Assim se utiliza do pronome “você”, do verbo no imperativo “compre isso”, “beba aquilo”, os verbos estão dando ordens, pois o foco é quem está recebendo essa ordem.
4 – FUNÇÃO FÁTICA – Também pode ser chamada de função de contato. É através dela que se inicia o contato, é o “alô” do telefone, o início da conversa. É o uso do vocativo, de uma exclamação ao encontrar alguém “oi fulano”, “oi beltrano”, isso para iniciar o ato comunicativo. Esse canal que se abre para o início da comunicação entre o emissor e receptor, é a função fática ou contato. Quem se encontra em evidência é o canal, é a abertura dos canais.
5 – FUNÇÃO POÉTICA – Não necessariamente a poesia. A função poética da linguagem é a função onde o que está em evidência é a própria mensagem, é quando o emissor da mensagem está também focado na estrutura do texto ou da fala. Quando a estrutura daquilo que está sendo transmitido é importante, como por exemplo uma música. Esclarecendo que a música pode ter função emotiva, referencial e poética, assim, um mesmo texto pode exercer mais de uma função. Exemplo: uma música falando de preconceito. Preconceito é o referencial, o assunto do texto, mas com rítmica, frases que rimam etc., portanto, poética. assim, o que é importante na função poética é a mensagem.
6 – FUNÇÃO METALINGUÍSTICA – É a linguagem falando da própria linguagem. Por exemplo um poema cujo assunto principal é a própria poesia, é o poeta falando do ato de escrever poesia. Nesta nossa própria aula onde o assunto é a língua portuguesa, ou seja, estamos utilizando a língua portuguesa para falar da língua portuguesa. Outro exemplo: a música “….não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba, de samba prá gente sambar…” é um samba falando de samba. Assim, o mais importante na metalinguística é o código, o código falando do próprio código.
FIM
[1] https://app.planejativo.com/estudar/463/resumo/literatura-funcoes-da-linguagem
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/funcoes-linguagem.htm